quarta-feira, 16 de março de 2011

Relicario - final


Nove da manha de um sábado ensolarado. A luz entrava pelo canto da janela não coberto pela cortina marrom terra. Tudo era úmido mas extremamente confortável. O sol formava um arco-iris no canto do quarto por conta da água que gotejava do teto. Esse tipo de quarto você encontra por menos de cem reais a noite. Além da umidade, havia uma cama de molas e roupas de cama que cheiravam naftalina com canela. Também uma mesa de escritório antiga, parecida com aquelas que passam de geração em geração e um armário com o mesmo cheiro da cama. No chão se estendia desde a porta do quarto até o meio uma mancha longa e escura como uma grande mancha de vinho, mas não pude identificar o que era.
 Eu estava contando os segundos entre uma gota e outra, até que alguém bate na porta chamando por mim. Eu ainda sonolento, e alegre por poder dormir no quentinho de uma cama novamente: - Aquele hotel me fez sentir vivo novamente. Dirigi-me até a porta, e a abri vagarosamente. Foi quando um punho veio de encontro ao meu rosto. Naquele momento que passava tão lentamente, imaginei uma música clássica em minha mente, enquanto ia de encontro ao chão. Não tive chance de defesa e caí instantaneamente. – Isso me fez lembrar historias de pessoas apanhando. Tentei falar, mas o maluco parecia não querer parar. Me esforcei até conseguir jogar-lhe para o lado, me estiquei até a mesinha e agarrei a garrafa de vinho que estava sob a mesa e desferi um único golpe em seu crânio, que o fez cair na hora. Rapidamente utilizei o restante da garrafa que ficara em minha mão e voei para cima do agressor - Um homem de uns trinta e cinco anos de cabelos negros e lisos e um bigode de xerife - e fiz um corte certeiro em sua jugular. Curiosamente, outra mancha se formou no local e pude vislumbrar os possíveis acontecimentos que antecederam minha estadia no hotel. Era assim que nascia um assassino.