segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ser, ou não ser?


Tomei o ar, e segui em frente, ainda que minhas pernas parecessem me matar a cada segundo. Peguei distancia o mais rápido que consegui, e mesmo machucado pude me impulsionar o suficiente para lançar-me ao ar, que logo mais seria interrompido pelo barulho de meu corpo se chocando com a água.
Pergunto-me, como fui parar onde fui parar? E por que diabos alguém me levaria até lá? Pergunta esta que me foi respondida logo após despir-me, já em casa, quando encontrei em um dos bolsos de minha jaqueta um bilhete que dizia o seguinte:
- Você não é o único, a saber, sobre sua existência.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Velhos e bons tempos


Os velhos tempos, mesmo que por aqui contados me trazem lembranças boas.
Eu devia ter meus 25 anos e estava em Londres. Aproveitei para curtir o bom do rock inglês e beber um pouco pela cidade, já que provavelmente a chance de voltar demoraria um pouco.
Fazia frio, e chovia naquela noite. Busquei me aconchegar em um bar e tomar uns “drinks” e foi isso que eu fiz. Sentei-me em uma mesa redonda com uma luminária de velas, e enquanto ia me sentando, e tirando o sobretudo, percebi que um garoto de uns 18 anos se aproximava para sentar na mesa ao lado. Quando olhei de novo, não pude conter minha felicidade em vê-lo. – O tal garoto havia me causado problemas a aproximadamente um ano deste tempo. Eu namorava uma garota, e acho que já me faço entender apenas com estas palavras.
Ele me reconhecera na hora, e imediatamente se retirara da mesa diretamente pra fora do bar. Levantei e me dirigi lentamente até a porta de saída, então seguindo o “moleque” até em casa.
Chegando lá aguardei uma hora, até que a situação já estivesse finalmente esquecida. A chuva já havia aumentado, logo o risco de alguém me ver era praticamente nulo. Bati na porta uma, duas, três vezes até o garoto abrir, sem idéia de quem o aguardava.
Eu levava sempre comigo um canivete, algo simples, nada muito especial. Mas já me salvara muitas vezes da morte, ou deveria dizer: “da vida”.
O garoto ficou inerte e quase de joelhos em minha frente enquanto eu ironizava as seguintes palavras: Estou com medo do escuro!

Esfaquear: Atacar com faca, cortar, penetrar com a faca inúmeras vezes, dar muitas facadas.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sarah parte 2

Conforme o misterioso carro se aproximava do velho galpão, mais de longe eu o observava: eu sabia que não poderia facilitar, e minha “profissão” já era arriscada o suficiente para eu deixar de tomar certos cuidados.
Esperei até o carro entrar pelo portão lateral, e assim cuidadosamente me aproximei. Era clara a obviedade do plano desde a perseguição: me atrair para o galpão e, bem, o resto irei descobrir.
Cheguei a uns 100 metros do velho galpão, estacionei meu maverick, saquei minha magnum 44, então segui a pé me aproximando devagar até a porta dos fundos, que se encontrava aberta. Coincidência ou não, pensei seriamente em entrar, mas a janela um pouco mais a esquerda da porta me chamara à atenção. Dei uma breve olhada pela janela, onde só conseguia ver uma sala, era um escritório: havia uma escrivaninha, alguns fichários, papéis espalhados, e muito, mas muito pó. Levantei a trava que bloqueava a janela e “segurando pelo vidro” a abri vagarosamente, o que não impediu de a mesma emitir um rangido estridente.
Existem coisas que você sabe que deveria ter feito, e aos poucos você começa a perceber que é difícil haver uma segunda chance, mas também, não custa nada tentar.
Espiei pela fenda da fechadura do escritório, e obtive uma resposta, uma resposta surpresa com o nome de Sr. Hernan. Repentinamente passou um breve filme em minha cabeça sobre tudo o que havia acontecido no mês anterior e claro: a mentirosa historia de Sr Hernan sobre meu pai. Eu havia me convencido de que ele me observava a algum tempo, e demonstrou profunda paciência em aprender sobre mim. Eu precisava acabar novamente com a concorrência e seria naquela hora que eu o faria.
Eu sempre soube o que fazer nessas horas, mas naquele momento eu senti medo pela primeira vez. Espiei pela fechadura novamente e vi Sr Hernan de costas para onde eu observava. Havia tubulações de gás e muitas caixas empilhadas, o que teoricamente facilitaria para mim em caso de algo dar errado.
Abri lentamente a porta, que por sorte estava encostada, - esta que felizmente não rangeu. Andei agachado até chegar bem próximo de Sr Hernan, então me levantei rapidamente. – PRO CHÃO FILHO DA PUTA!
– Ele estava realmente surpreso em ver que eu não entrara por onde ele havia planejado, suava feito um porco e rapidamente obedeceu. Acho que nunca estivera tão próximo da morte, mas eu havia mudado isso. Não tive pena: destruí sua perna com um tiro bem dado em seu joelho, e ecoou pelo galpão o seu grito de dor. Tirei a arma de perto dele e segui caminhando em direção ao tubo de gás, no qual desferi vários golpes de coronha para abrir o registro que obstruía a saída do gás. Acendi alguns trapos velhos que eu encontrara no escritório e deixei com que o “vazamento de gás” fizesse o resto do trabalho. Saí correndo para fora e quando passava pelo carro de Sr em breve falecido Hernan ouvi batidas em seu porta malas. – Você é um fracasso: pensei em voz alta. Abri o porta malas e logo pude reconhecer a suposta filha de Sr Hernan amarrada e amordaçada dentro do mesmo, e rapidamente sem qualquer cuidado a soltei. – Qual é o seu nome menina? Ainda com dificuldade para respirar ela respondeu.
– Meu nome é Sarah.