domingo, 13 de fevereiro de 2011

Relicário - Parte 2

Foi tudo muito difícil, e complicado. Fiquei os dois anos seguintes morando em uma casa abandonada. Pagava a um mendigo para comprar comida e bebida. Saía pelas ruas, sempre disfarçado, embora vez ou outra eu fosse reconhecido, e era obrigado a fugir novamente. Apeguei-me tanto ao tal mendigo, que comecei a chamar de pai.
Meu dinheiro precisava de um banco, e eu já era maior de idade. Agora poderia sair por aí sem ser perseguido, embora eu sempre fosse metralhado por perguntas, perguntas muitas vezes de pessoas que eu nem conhecia, ou nem lembrava mais.
Notícias não eram necessárias, eu estava sabendo de tudo o que havia acontecido nesses dois anos. Claro! Eu estava “logo ali”, e jornais eram vendidos em todo o lugar.
Recuperei o dinheiro que me faltava da herança, e depositei junto com o restante, que sobrara do que eu havia levado quando fugi de casa.
Parecia tudo tão certo, exceto pelo boato que corria pela cidade. Boato que me declarava culpado pela morte de minha mãe. Um tanto contraditório, sendo que minha mãe havia morrido no hospital. Esperei, e tinha certeza de que algum maluco iria me procurar tentando fazer “justiça”. Isso era comum em Malta, tão comum que meu palpite estava certo.


CONTINUA...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Relicário

Busquei achar explicações para o que eu estava sentindo, e isso me fez lembrar quando eu comecei nesse "ramo". Minha vida sempre foi pacata, nasci dia 12/08/52 morava com minha mãe e meu pai. Meu pai era pintor, e suas obras impressionistas eram de tal beleza que não se comparava a de outros artistas. Pena que sua vida, e seus sofrimentos particulares o levaram a loucura, e o fizeram sair de casa. Aos 12 anos, eu era o homem da casa, e minha herança era grandiosa.
Minha mãe nunca parou de trabalhar após o “sumiço” de meu pai. Ela costurava, e muito bem. O ganho com as roupas era o suficiente para cobrir o custo do mercado, não que precisasse, mas isso a deixava mais orgulhosa de seu serviço.
Pouco após eu ter completado 17 anos, minha mãe me deixara também, devido a complicações estomacais pelo excesso de café, que hoje, quase que passado de mãe para filho, eu também tenho. Sofri muito com sua morte. Pessoas tentaram me levar para casas de apoio, internatos e tantas outras instituições, mas acabei por fugir com todo o dinheiro que ficava no cofre da nossa família.
CONTINUA...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sinfonía número 2

Não existem escolhas depois que você começa. Quando o vicio toma parte de você, ao mesmo tempo você o mantém vivo. Eu procuro moderar, é difícil fazer amizades, e criar álibis me toma muito tempo. Hoje em dia me perguntam se eu já fui preso. Lógico! Mas eu era tão bom no que fazia que as mínimas provas encontradas, não bastavam para me enjaularem por mais de uma noite.
Depois do dia em que me vi desorientado e tendo que fugir. Pensei que talvez fosse à hora de alguém me pagar por tantos crimes. Se bem que ninguém nunca pediu nada a mim. Isso se torna confuso e engraçado pra mim, o fato é que depois de pensar, continuei. Creio que foi a melhor escolha, mas depende muito do ponto de vista. Eu estava ficando farto de tudo aquilo, e o sangue já não me dava prazer.