quarta-feira, 16 de junho de 2010

O quase

Em um determinado dia todos sentirão o gosto da morte e poderão deliciar-se com um de seus infinitos sabores.
Fui direto para a cafeteria aquela manha, comprei um jornal, sim um jornal, até o pior dos seres merece estar vivo as vezes. A primeira pagina estampava bem grande uma foto e texto com letras em negrito quase emitindo um alerta sobre um maníaco que andava agindo na região, e incrivelmente não falavam de mim. Enquanto eu ficava com raiva por ter que acabar com a "concorrência", era ela quem me vigiava. Voltei pra casa normalmente e fiquei por lá até anoitecer, e como de costume nas sextas feiras, fui ao cinema relaxar um pouco. Na volta resolvi fazer um caminho diferente, e passei por uma pequena rua por trás da igreja que estava em reforma na época, e como já tinha visto presas vivas por aqueles lados não custava nada jogar a linha para arriscar um peixe grande. Já na metade do caminho percebi que alguém me seguira até à pequena estrada de terra, foi quando joguei meu olhar para meus rastros e foquei logo em seguida no caminho que ainda viria, surgiu então em meio aos arbustos já me golpeando a suposta "concorrência". Mal pude ver a cara do maníaco, pois me acertara tão fortemente que fui de encontro ao chão instantaneamente. Apaguei por uns segundos e quando retomei a consciência o tal maníaco já estava me sufocando, com as duas mãos em meu pescoço, pressionara de tal forma que cheguei a pensar que fosse o fim.
Com dificuldade, pois mal respirava, retirei do bolso de meu casaco meu canivete, fiel escudeiro, que já me salvara a vida tantas vezes, e desta vez não seria diferente. Não pensei duas vezes e precisamente desferi o ataque direto em seu peito, uma incisão perfeita que só alguem com anos de experiência o faria. O sangue jorrou em meu rosto, era doce e quente, alguns já o descreveram como o sabor de um beijo, mas eu sabia que aquele na verdade era o sabor da morte.

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Vítimas